Por muito tempo, a vitamina D foi lembrada apenas quando o assunto era “ossos fortes”. Hoje, a ciência já deixou claro: ela vai muito além disso.
A chamada “vitamina do sol” participa da regulação do sistema imunológico, influencia o humor, ajuda no controle de inflamação, contribui para a saúde cardiovascular e impacta diretamente a forma como você se sente no dia a dia: mais disposto(a) ou constantemente cansado(a), mais estável emocionalmente ou com oscilações de humor
O maior problema?
Uma parte enorme da população tem deficiência de vitamina D — e muitas vezes nem desconfia.
Por que a deficiência de vitamina D é tão comum?
Parece contraditório falar em falta de vitamina D em um país ensolarado como o Brasil, mas o estilo de vida atual explica muita coisa.
Alguns fatores que contribuem para esse cenário:
- Passamos a maior parte do dia em ambientes fechados (escritório, carro, casa, telas).
- Usamos roupas que cobrem grande parte do corpo.
- O uso de protetor solar em excesso e de forma constante, embora importante para prevenção de câncer de pele, pode reduzir a produção de vitamina D quando usado de maneira indiscriminada em todas as exposições.
- Muitos passam dias, semanas ou meses sem pegar luz solar direta na pele de forma regular.
O resultado é que, mesmo vivendo em um país tropical, vemos cada vez mais exames com vitamina D baixa no consultório.
O que a vitamina D faz no seu corpo?
A vitamina D funciona quase como um “hormônio” regulador em várias áreas do organismo. Entre suas principais funções:
1. Sistema imunológico
Ela ajuda a:
- modular a resposta imunológica;
- reduzir o risco de infecções;
- auxiliar no controle de processos inflamatórios.
Pessoas com vitamina D muito baixa costumam ficar mais suscetíveis a infecções recorrentes e podem ter maior tendência a quadros inflamatórios.
2. Humor, depressão e ansiedade
A vitamina D participa da regulação de neurotransmissores, como a serotonina, ligada à sensação de bem-estar.
Níveis baixos têm sido associados, em diversos estudos, a maior risco de:
- sintomas depressivos;
- ansiedade;
- oscilações de humor;
- sensação de apatia e cansaço mental.
Não é que a vitamina D “substitua” tratamento psicológico ou medicamentoso quando necessário, mas ela faz parte do pano de fundo bioquímico que precisa estar ajustado.
3. Ossos e absorção de cálcio
Não adianta investir em cálcio se a vitamina D estiver muito baixa.
Ela é fundamental para:
- absorção adequada de cálcio pelo intestino;
- manutenção da saúde óssea;
- prevenção de osteopenia e osteoporose.
Sem vitamina D suficiente, o cálcio que você ingere não é bem aproveitado, e os ossos sofrem.
4. Coração, metabolismo e inflamação
A deficiência de vitamina D está associada a:
- maior risco de doenças cardiovasculares;
- pior perfil metabólico, em alguns casos;
- aumento de marcadores inflamatórios.
Em uma abordagem integrativa, ela é vista como um dos pilares para quem busca longevidade com qualidade.
Como cuidar dos níveis de vitamina D na prática
A boa notícia é que, em muitos casos, o caminho para melhorar a vitamina D começa com hábitos simples.
1. Exposição solar consciente
A principal fonte de vitamina D é o sol na pele.
Recomenda-se, de forma geral (sempre com orientação individualizada):
- exposição de áreas como braços, pernas e, se possível, parte do tronco;
- em torno de 10 a 20 minutos diários, dependendo da cor da pele, horário e local;
- sem protetor solar nas áreas expostas durante esse curto período (depois disso, o uso de protetor volta a ser importante para proteção da pele).
Cada caso deve ser avaliado individualmente, principalmente em pessoas com histórico de câncer de pele ou problemas dermatológicos. Por isso, não é uma regra única para todos, mas um ponto de partida para conversa com o médico.
2. Alimentação
Alguns alimentos contribuem com pequenas quantidades de vitamina D:
- peixes gordurosos (salmão, sardinha, atum);
- gema de ovo;
- fígado;
- alguns laticínios fortificados.
Eles não costumam ser suficientes para corrigir uma deficiência importante sozinhos, mas ajudam a compor o quadro.
3. Suplementação (sempre com acompanhamento)
Em muitos casos, especialmente quando o exame mostra níveis muito baixos, é necessário suplementar vitamina D.
Aqui, é fundamental:
- verificar a necessidade por meio de exame de sangue;
- definir dose, forma e tempo de uso com acompanhamento médico;
- evitar “automedicação” com doses altas sem controle, pois excesso de vitamina D também traz riscos (como alterações de cálcio, problemas renais e outros).
O objetivo não é “tomar vitamina D para sempre”, e sim corrigir a deficiência e manter níveis adequados ao longo do tempo, dentro de um plano global de saúde.
Vitamina D, emagrecimento e qualidade de vida
Na prática clínica, quando pensamos em emagrecimento saudável e saúde integrativa, a vitamina D entra como peça importante do quebra-cabeça:
- um corpo com vitamina D adequada tende a responder melhor em termos de energia, disposição e imunidade;
- isso impacta diretamente a capacidade de treinar, manter rotina ativa, regular sono e humor;
- tudo isso, somado, faz diferença no processo de perda de peso e manutenção de resultados.
Ou seja: cuidar da vitamina D não é detalhe, é parte do tratamento global quando o objetivo é ter mais saúde, menos inflamação, melhor imunidade e um metabolismo mais equilibrado.
Conclusão: o básico também é tratamento
Vivemos em uma época com acesso a exames avançados, medicamentos modernos e tratamentos sofisticados. Eles são importantes, têm seu lugar e muitas vezes são necessários.
Mas, ao mesmo tempo, não podemos esquecer o que é básico e, muitas vezes, esquecido:
- luz do sol,
- movimento,
- sono de qualidade,
- alimentação real,
- manejo do estresse,
- acompanhamento médico que olha o paciente como um todo.
A vitamina D é um exemplo perfeito disso: algo simples, profundamente conectado ao nosso estilo de vida e que impacta diretamente a forma como vivemos e envelhecemos.
Se você não lembra quando foi a última vez que avaliou seus níveis de vitamina D, talvez seja hora de conversar sobre isso na próxima consulta.